A apresentação versa a Grande Guerra e as difíceis circunstâncias que se abateram sobre as ilhas durante os anos de 1914 a 1918. De uma guerra inicialmente longínqua, o estrangulamento das exportações açorianas rapidamente se faria sentir em especial nos mercados tradicionais, agora em guerra. A presença de esquadras de superfícies nas nossas águas marcaria o quotidiano das nossas cidades até à Batalha da Jutlândia, desaparecendo com a mesma rapidez com que a inicial neutralidade protegera as embarcações alemãs em portos portugueses.

Os primeiros indícios da presença de submarinos alemães no mar dos Açores surgem em 1915 e reforçam os receios das autoridades militares nas ilhas que solicitavam meios ao Ministério da Guerra desde o início do conflito. Com o bombardeamento do Funchal estes receios seriam ampliados atingindo-se o clímax com o bombardeamento de Ponta Delgada a 4 de Julho de 1917.

Este episódio faria a Grande Guerra nos Açores ganhar uma nova dimensão: da necessidade de defender dois importantes portos, um Depósito de Concentrados Alemães e estações de cabo telegráfico ou de T.S.F., os Açores passariam a ser um dos focos de atenção no Atlântico Norte por parte dos E.U.A. e, por acréscimo, do Governo português que tentaria ombrear com a implantação de uma base naval estrangeira em solo nacional.

Contudo, a vida dos açorianos tornara-se madrasta: da escassez das importações e exportações, geravam-se graves dificuldades financeiras, agravadas por uma necessidade de defesa que afastara dos campos de cultura o camponês, entretanto transformado em soldado, apesar dos parcos meios para o apetrechar. E como um azar não vem só, à fome e à guerra haveria de se juntar a peste e a morte agravando ainda mais as crises sociais de uma I República, já de si bastante dividida pela profunda inconstância política e económica.